O Tribuna das Ilhas noticiou hoje a nomeação do comandante Rui Terra para presidir à empresa que gere as infraestruturas portuárias dos Açores
O provimento da presidência da empresa Portos dos Açores, tendo em conta a importância do cargo; os desafios do momento, entre eles o reordenamento do porto da Horta e o facto de o anterior titular ter saído imediatamente a seguir à tomada de posse do novo governo, potenciou um clima de expectativa em torno do nome que seria escolhido.
Na edição desta sexta-feira o semanário faialense contou o segredo: o capitão-tenente Rui Terra será o novo presidente da Portos dos Açores. Só falta acertar o processo da respetiva autorização pela Marinha, confirmou o próprio a ESCREVI.BLOG.
Aos 42 anos, este faialense, nascido na cidade da Horta, vai abraçar a missão difícil de administrar 14 portos nos Açores — Vila do Porto (Santa Maria); Ponta Delgada (São Miguel); Praia da Vitória e Pipas (Terceira); Praia (Graciosa); Velas e Calheta (São Jorge); São Roque, Madalena e Lajes (Pico); Horta (Faial); Lajes e Santa Cruz (Flores) e Casa (Corvo).
Sucede a Miguel Costa, um piocense, cuja ação, ainda que curta no tempo, deixou marcas visíveis.
Rui “Terra”, cujo nome se opõe ao que tem sido todo o seu percurso de vida, sempre ligado ao mar [na fotografia de topo, com direitos reservados, navegando num optimist na sua adolescência], entra agora numa nova ponte de comando, sem velas nem cabos, mas certamente com mar encrespado pela frente, onde se pode descortinar a onda que incha no porto da Horta.
Irá olhar para os portos que já conhece de uma perspectiva diferente. Depois de ter velejado nalguns deles, agora é a vez de preservar, ou melhorar, as condições para que outros o façam, no aspeto desportivo, bem entendido, mas, principalmente, em muitos outros.

O novo presidente da Portos dos Açores [atrás, à direita, com Vítor Medeiros, também atrás, o segundo da esquerda, na fotografia com direitos reservados] possui uma “cultura náutica” originária do porto da Horta e do clube naval desta cidade. Está, assim, incluído entre os que melhor conhecem um dos mais importantes portos do Atlântico Norte.
Basta escutar [ficheiro áudio abaixo] o que diz o seu antigo treinador de vela, que recorda a geração de faialenses que hoje tem a náutica como profissão — onde se encontram comandantes da marinha mercante, de rebocadores e outros em outras funções — e na qual Rui Terra se inclui:
Vítor Medeiros lembra-se do tempo em que Rui Terra entrou para a escola de vela do Clube Naval da Horta, aos sete ou oito anos de idade e se fez um atleta de excelência, a nível local, regional e nacional: “Um velejador inteligente” [ficheiro áudio abaixo]:
Rui Filipe da Silva Pereira da Terra ingressou na Escola Naval,
em 1997 e até hoje prestou serviço na Marinha de Guerra Portuguesa. Presentemente frequenta o doutoramento em Relações Internacionais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Já fez parte da direção da Federação Portuguesa de Vela e é sócio do Clube Naval da Horta. Tem um currículo vasto na Marinha, foi condecorado e distinguido. Comandou, recentemente, a Capitania do Porto de Cascais [na fotografia, da Marinha, abaixo, o segundo a contar da esquerda, na tomada de posse].

Para além da sua ligação ao Faial, atrás referenciada, tomou parte ativa no debate sobre o reordenamento do porto da Horta, que tem sido um dos temas mais discutidos entre nós nos últimos anos. Além disso, foi o primeiro cidadão a participar, à distância, via telefone, numa sessão da Assembleia Municipal da Horta, no caso, a sessão especial em que foi debatido o tema das acessibilidades. Apresentou publicamente o esboço de um projeto para o porto no âmbito dos diversos contributos que têm sido dados sobre esta polémica questão.
Quando chegar ao seu novo gabinete de trabalho, certamente encontrará imensa matéria para despachar, entre ela o controverso processo do porto da Horta, no mínimo, uma questão apaixonante. |X|
| SOUTO GONÇALVES texto