Eleições estão em curso na tarde deste sábado, no Faial e em todas as ilhas
À hora da redação desta notícia (16h30) decorrem as eleições da estrutura do Faial do Partido Socialista, durante as quais serão sufragados os nomes dos novos titulares da mesa da comissão e do secretariado, com destaque para o secretário coordenador, que é a figura política mais importante do partido na ilha.
O processo eleitoral termina às 18 horas e insere-se numa jornada idêntica que está a decorrer desde ontem, terminando hoje, em todo o arquipélago.
Sem surpresas, porque só se apresentou a sufrágio um candidato, mas com significado político próprio, João Bettencourt [na fotografia, com direitos reservados] será o novo secretário coordenador do PS no Faial.
O novo líder faz-se acompanhar de 15 nomes para integrar o secretariado (pelos menos é essa a composição do órgão que aparece no portal do PS-Açores). É também eleita hoje a mesa da Comissão de Ilha, em que figuram três titulares.
João Bettencourt faz parte do secretariado cessante coordenado pelo deputado Tiago Branco, subindo agora ao topo da hierarquia. Com ele estiveram, no mandato que termina, Ana Luís, Bruno Leonardo, Catarina Rosa, Fernando Nascimento, Filipe Menezes, Frederico Soares, Gerardo Branco, Hugo Oliveira, Liseta Vargas, Lúcio Rodrigues, Luís Botelho, Sara Vieira, Sherry Martins e Vítor Pimentel. Da equipa fizeram parte, integrando a mesa, João Castro (presidente), José Leonardo e Orlando Rosa.
PARTIDOS REPOSICIONAM-SE
Embora sem data ainda marcada e numa altura em que se fala de alterações na forma como decorrerão (por exemplo, em dois e não apenas num dia), as eleições autárquicas entraram definitivamente na ordem do dia noticioso.
É natural, portanto, que as novidades surjam aqui e acolá. Poderão não ser, para já, bombásticas, mas no “puzzle” político começam a formar-se cenários e até a identificar-se figuras.
O PCP-Faial foi o primeiro a arrumar a casa. Paula Decq Mota ficou a liderar a comissão de ilha e, apesar da hecatombe nas eleições regionais, à melhor maneira comunista, ergueu o punho direito e recolocou o seu partido na linha partida. Já deu duas entrevistas: à rádio Azores Higth e ao Tribuna das Ilhas.
Hoje, curiosamente um sábado, dia tradicional para a limpeza doméstica, o PS também está a sacudir o pó, a abrir as janelas para arejar e ficará pronto para iniciar a corrida.
Dentro de três semanas (9 de abril) o PSD vai a eleições internas.
Do CDS (faz coligação com o PSD outra vez?) e do BE não saíram notícias, por enquanto, nem do PAN, mas espera-se, olhando para o passado recente, que marquem presença nas autárquicas, mesmo que não refresquem as respetivas direções políticas locais.
Em relação ao Chega e à IL tudo são perguntas e nada é resposta: ninguém sabe como se movimentam, ou não, no Faial, presentemente.
JOÃO BETTENCOURT COM VIDA FACILITADA
Hoje é o dia do PS. Sobre os outros partidos se falará, em pormenor, depois.
João Bettencourt é eleito sem oposição, seguindo a tradição ao nível local, de candidaturas únicas, pois o aparecimento de concorrentes é mais difícil do que meter uma lança em África.
Por que é que o deputado Tiago Branco não se recandidatou? Porque, diz o analista, tem os dias contados (salvo seja) no que toca a futuro político imediato. Só a idade é que lhe poderá valer, com tempo… O jovem deputado, juntamente com Ana Luís, representam a face derrotada do PS no Faial.
Aliás, no interior do PS existe um sentimento de rejeição em relação a Ana Luís, que perdeu a auréola alcançada quando começou a voar alto. Só não foi para a prateleira por causa do seu amigo Vasco Cordeiro, que não quis saber da máxima “amigos amigos, política à parte”.
Posta a questão da substituição do secretário coordenador, quem é que haveria de avançar?
José Leonardo, não. Não precisa. No estado atual do Partido Socialista o recordista no PS (para a câmara da Horta obteve 4.207, em 2013, mais do que “a fábrica de produção de votos” que foi Renato Leal) tem os militantes a seus pés. Será recandidato à câmara num processo de escolha perfeitamente tranquilo.
Quem é que haveria de ser, então? Luís Botelho ou Lúcio Rodrigues?
O braço avançado do presidente do PS no Faial criou anticorpos com a vacina do poder e, como gato escaldado de água fria tem medo, as bases, ou seja, dois ou três que dizem refletir o sentimento da militância, barraram-lhe o caminho.
Explicando: depois de Carlos César ter imposto o nome de João Castro como candidato à Assembleia de República, passando por cima da estrutura do Faial, alguns dos que costumavam engolir sapos maiores do que um boi começaram a dar sinais de indigestão. Adicionando a isto os ouvidos de mercador que Vasco Cordeiro fez a algumas manifestações de insatisfação sobre a ação do governo em relação ao Faial, a facção não centralista do PS-Faial — leia-se, não apoiante incondicional do líder regional — começou a roer a corda.
Conclusão: Lúcio Rodrigues fica com o Clube Naval para se entreter uns tempos.
O vice-presidente da câmara é, entretanto, o personagem mais enigmático deste conto.
Afirma, sem rebuço, que não quer ser presidente do município e deve ser verdade, pois se o pretendesse teria que começar a posisionar-se de modo a controlar o aparelho. A razão deste desinteresse terá o seguinte fundamento: o Leonardo vai à frente prometendo resolver tudo e ele segue atrás tentando corresponder aos pedidos, mas como não consegue satisfazer toda a gente cai-lhe o odioso em cima.
Luís Botelho, atualmente, é o socialista faialense com mais estofo político (talvez habilidade seria a palavra adequada), mas chega a perder a face quando a tampa lhe salta. O presidente de câmara ideal do PS seria um “Leotelho” ou um “Botelhardo”.
A explicação que se requer é sobre qual a razão por que aquele que iniciou a sua ascensão política ainda fora dela (como escuteiro em Castelo Branco, depois presidente da junta) hoje parece correr numa pista à parte?
João Carlos Correia Lemos Bettencourt, ex-delegado das “Obras Públicas”, ex-deputado regional, ex-diretor regional do Turismo e do Ambiente, líder do grupo do PS na Assembleia Municipal da Horta, aparece, então, à boca de cena, por uma razão simples: é um político genuíno, moderado, histórico no partido, desprendido de ambições pessoais, capaz de desempenhar o cargo sem agenda paralela. E tem a tarefa imediata que lhe cai nas mãos — pôr de pé as candidaturas autárquicas —muito facilitada: o prestígio de José Leonardo é meio caminho andado para arranjar gente disponível para entrar nas listas. Conclusão: vai prestar um serviço ao partido sem ter que se aborrecer muito. Por isso aceitou! |X|
|| SOUTO GONÇALVES texto