Há muito tempo que o “Triângulo” (dos Açores) me desperta a atenção. Não sei bem quando é que isso começou. Talvez na altura em que dei os primeiros passos no jornalismo, na redação do Correio da Horta, onde ouvi falar da “página” denominada “O Triângulo”. Fiquei com a ideia de que, nos últimos anos do jornalismo censurado pelo Estado Novo, essa intervenção na imprensa faialense deixara marcas. Já ao serviço da RDP-Açores, a partir de 1985, notei a vontade do presidente da Câmara Municipal das Velas de concretizar esse sonho segundo o qual o triângulo composto pelas ilhas do Faial, Pico e São Jorge poderia ser um polo de desenvolvimento desta zona do arquipélago dos Açores. Acompanhei o nascimento da Associação de Municípios do Triângulo (AMT), no início da última década do século passado. Também vi surgirem os barcos que incrementaram e hoje são indispensáveis nas ligações entre estas três ilhas. Depois de tudo isto, o Triângulo dos Açores parece não ser muito mais do que uma miragem, ainda que bela, potenciada pelas suas idílicas paisagens.
Na passada edição de 19 de novembro do Tribuna das Ilhas um dos autarcas com maior longevidade nos Açores e, consequentemente, no Triângulo, escreveu um artigo onde aborda esta questão, de forma crítica, insistindo na necessidade de “convergência” no plano político-autárquico e na importância de “criar novas e eficazes linhas” de “ação” com entidades empresariais e associativas.
Laurénio Tavares apontou a “falta de um projeto conjunto, tripartido, concertado entre as várias partes” do Triângulo e acrescentou que os responsáveis dos “vários quadrantes políticos” foram incapazes, “até hoje”, de “criar um projeto agregador sólido para o desenvolvimento articulado do Triângulo”, concluindo que tal ocorreu por “força ou pressão de variados interesses individuais ou locais com evidente prejuízo do interesse comum”.
Quando tive alguma responsabilidade autárquica, como candidato a deputado municipal, procurei dar um contributo nesta matéria e fi-lo levando ao programa eleitoral da candidatura em que participei algumas ideias. Ainda pensei que a realização de uma cimeira das assembleias municipais poderia ser um caminho, porque, no plano autárquico, como fica claro da leitura do artigo de Laurénio Tavares, as coisas têm andado emperradas. Não consegui os meus intentos, por culpa própria, bem entendido.
Continuo a achar, porém, que o Triângulo dos Açores deve ser um desígnio do Faial, do Pico e de São Jorge. E também estou convencido que qualquer faialense, picoense ou jorgense, pode e até deve contribuir para tal com o que sentir estar ao seu alcance.
Proponho-me, portanto, levar em frente a seguinte ideia, num campo em que me acho capaz de trabalhar com competência: a comunicação social.
Em última instância, gostaria de publicar um jornal sobre o Triângulo. A ideia não é nova, mas continua por cumprir-se.
A comunicação é um meio essencial para lançar as bases de qualquer projeto e promover o seu desenvolvimento. E o conhecimento mútuo das partes de um conjunto é um agregador indispensável à sua consolidação.
Não tenho condições para satisfazer, do ponto de vista económico e financeiro, um empreendimento deste género. E, sinceramente, olhando em redor, não acredito que haja interessados no assunto.
Mas como a imaginação é uma forte colaboradora de quem se propõe empreender, concebi a seguinte forma de começar a dar corpo ao que tenho em mente: já que estou presente na Internet através do escrevi.blog, utilizarei esta ferramenta para começar. Este “blog” nasceu para que eu divulgasse o que vou escrevendo. Assim continuará, mas tudo o que eu publicar aqui, a partir de agora, que esteja inserido no projeto jornalístico que tem o Triângulo dos Açores em vista, irá aparecer com o símbolo que se encontra no início deste texto.
O objetivo final da minha iniciativa é publicar um jornal do Triângulo dos Açores (em papel, com correspondência “online”) e tudo o que fizer até lá servirá para ir percebendo se sou capaz de percorrer esse caminho. O que foi escrito a partir de agora em escrevi.blog com o símbolo do Triângulo será uma espécie de embrião da ideia que persigo, como já referi.
Se até agora publicar um periódico que abrangesse o Triângulo tem sido tarefa impossível, persistir em modelos falhados não é a opção adequada. Por isso, tentarei fazer de outra maneira, criando um espaço noticioso que procurará pôr em linha (“online”) o que acontece em cada uma das 41 freguesias dos seis concelhos que fazem parte das três ilhas do Triângulo dos Açores. Será como construir um edifício, começando pelo alicerce e não, obviamente, pelo teto. Prescindo, portanto, da megalomania que seria aventurar-me no tratamento das grandes questões que, certamente, preocuparão os habitantes do Triângulo, ficando-me, para já, pela valorização do que acontece em cada comunidade deste espaço insular “sui generis”.
Estou convencido que existe muito desconhecimento entre as vizinhanças destas três ilhas e falo por mim. Só para referir as “pontas”, o que sabem os habitantes do Topo, da Piedade ou da Praia do Norte das vivências de cada qual?
Se os cidadãos das parcelas do Triângulo dos Açores desenvolverem um mútuo conhecimento formar-se-á, certamente, uma predisposição para valorizar e integrar cada uma das partes do espaço comum que a natureza compôs através de três ilhas que se miram entre si.
O modelo editorial escolhido assenta na realidade da freguesia e visa, em suma, os respetivos fregueses, o que determinou a escolha do nome: FREGUÊS. Esta é a marca que, doravante, identificará este projeto jornalístico: FREGUÊS — JORNAL DAS FREGUESIAS — TRIÂNGULO DOS AÇORES.
Como se percebe pelo que atrás está escrito esta iniciativa assenta, para já, nos meus recursos pessoais, isto é, não existe uma redação associada ao FREGUÊS, com jornalistas ou colaboradores. Além disso, o projeto pretende alcançar uma área relativamente grande, que está para além da ilha. Pergunta-se: não estará o autor a querer dar um passo mais comprido do que a perna?
Começarei aos poucos, contando com as possibilidades que as novas tecnologias põem à disposição, facilitando contactos e recolha de informação. O desafio situa-se, precisamente nesse ponto: será possível pôr de pé a ideia de um jornal do Triângulo? |x|