MEMÓRIA DA IMPRENSA
PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL NA CÂMARA CORPORATIVA | Em plena ditadura do Estado Novo e como Órgão da União Nacional no Distrito da Horta, o Correio da Horta noticiava, há 76 anos (em 1945), neste dia 16 de novembro, que foi uma sexta-feira, o seguinte: “Por unanimidade foi ontem eleito representante dos Municípios Açoreanos à Câmara Corporativa o Presidente da Câmara Municipal da Horta. Ao Ex.mo Sr. Tenente Manuel José Cardoso de Simas, dig.mo Presidente da Câmara, ‘Correio da Horta’ apresenta as suas felicitações.”
SEM REI NEM ROQUE | Quem se interessa, minimamente, por coisas do passado, da nossa história local, que a imprensa faialense, felizmente, registou para a posteridade, já ouviu falar, com toda a certeza, do grupo musical “Sem Rei Nem Roque”. Aliás, muitos faialenses, hoje com mais de 80 anos, ainda se recordarão, saudosamente, de tal agrupamento. Sob o pseudónimo “Andantino” (com o original ilegível, o nome poderá estar mal transcrito), o Correio da Horta publicou, a 16 de novembro de 1945, um artigo que considerava as bandas musicais “Sem Rei Nem Roque” e “Orquestra de Salão” (esta sem atividade na altura), “cada uma no seu género, as duas melhores orquestras dos Açores”. A opinião vinha a propósito da apresentação, marcada para o final do mês, no Amor da Pátria, “de uma nova modificação que decerto muito agradará a todos quantos apreciam a música de dança” interpretada pelo “Sem Rei Nem Roque”. O articulista recordava anos passados “em que apareceu, nesta ‘terra da coisa rara’, a mania do jazz, mania esta que foi a tal ponto de se criarem nesta cidade dois [grupos] (Oc Opus ic Labor Est e Alea Jacta Est) que, com a antiga Orquestra Simaria, abrilhantavam então os bailes da época”. Fazendo um pouco de história, “Andantino” lembrava que “se dizia na revista ‘Má Língua’ em 1927 [que] … resultou tremendo choque e então ficou ‘Sem Rei nem Roque’”. E rematava: “Não sabemos se foi resultado do choque, o que é certo é que os outros se extinguiram e o ‘Sem Rei Nem Roque’ singrou por mares encapelados até hoje, melhorando sempre consideravelmente”. Este colaborador, ou colaboradora, do Correio da Horta, neste seu escrito, fazia também uma comparação entre o “Sem Rei Nem Roque” que, claramente, apreciava por causa da sua música “melodiosa e agradável” e os grupos que denominava de “swings”, cujos “berros estridentes de trompetes ou apitos sibilantes dos clarinetes”, como se conclui, não lhe caíam bem no ouvido. |X|
NOTA: As citações respeitam a ortografia da época.
