Vereadores contestam opções financeiras
Ex-presidente do Município aponta o dedo à gestão da Urbhorta e fala de obras por concluir
HÁ UM ANO, nesta data, o relatório das contas da Câmara Municipal da Horta, respeitante ao exercício económico de 2021, ainda tinha a marca direta da gestão do Partido Socialista (PS). A coligação PSD/CDS-PP/PPM só assumiu os destinos do Município, na sequência das Eleições Autárquicas de setembro de 2021, apenas podendo ser avaliada pelos três meses correspondentes ao início do mandato. Chegados ao mês de abril de 2023, altura em que o documento passa pela vereação, seguindo, depois, para a Assembleia Municipal, o que está em causa já é da inteira responsabilidade da equipa que passou a ter nas mãos os destinos do Concelho. A oposição ficou, assim, mais livre para um juízo crítico sobre o que foi, ou não, feito durante 2022, enquanto os responsáveis municipais se encontram na posição de ter que prestar contas, sem a condicionante de, eventualmente, imputarem a outrem a falta de obtenção de resultados.
Os vereadores do PS não perderam a oportunidade e, apesar de afirmarem que queriam aprovar o relatório, votaram contra na reunião da vereação, alegando terem sido surpreendidos por várias omissões. Pela voz do ex-presidente da Câmara e agora vereador, em conferência de imprensa, o PS deu o seguinte exemplo: «Em relação às zonas balneares, tema muito debatido durante a campanha eleitoral, esta Câmara Municipal não faz, no Relatório, qualquer menção a esse respeito e apresenta agora dois projetos para discussão pública iguais aos projetos que tínhamos feito, tendo levado um ano e meio para fazer esta apresentação.»
José Leonardo lembrou também que «o Lameiro Grande não está concluído, o Caminho Fundo ainda não se iniciou e o Caminho Castelo, em Castelo Branco, não se fez». Embora tenha reconhecido «dificuldades na aquisição de terrenos», o agora vereador sublinhou que «o furo do Lameiro também não está a funcionar», bem como a piscina municipal, o que «é um sinal claro do desleixo total desta Câmara Municipal».
A gestão da Urbhorta mereceu uma censura forte dos vereadores do PS, que criticaram o empolamento da valorização dos ativos biológicos (cavalos) da empresa municipal. José Leonardo interrogou-se sobre como será possível que um cavalo, de um ano para o outro, obtenha uma avaliação que passa de 1.000 para 1.800 euros.
Os aspectos financeiros foram um dos alvos das críticas do PS à gestão da coligação PSD/CDS-PP/PPM, matéria em que José Leonardo é dado como mais capaz.
«Houve um aumento da dívida a fornecedores de investimento no valor de 514%. A Câmara Municipal diminuiu os fornecedores de conta corrente, em relação a 2021, mas comparando com 2020, há um aumento de 153 mil euros e, no caso das despesas correntes do município, há um aumento exponencial em mais 17% do que no ano passado, sendo que em relação a 2020 aumentou mais 26%», explicou José Leonardo, dizendo que não é aceitável que, depois de criar uma expectativa orçamental de redução das despesas correntes, a Câmara tenha feito o contrário [VER VÍDEO EM BAIXO].
Na fotografia de topo, Rui Santos, coordenador do Grupo Municipal da PS na Assembleia Municipal da Horta; José Leonardo e o vereador Luís Botelho, durante a conferência de imprensa