GRUPO CORAL DA HORTA. 40 ANOS

GRUPO CORAL DA HORTA. 40 ANOS

Comemorações iniciam-se com brilho no Amor da Pátria

Palestra de monsenhor Saldanha e atuação de Nataliya Stepanska e Marcello Guarini arrebataram o entusiasmo da sala

A SOLENIDADE DA SESSÃO comemorativa do 40.º aniversário do Grupo Coral da Horta (GCH) foi vincada por um desempenho soberbo da soprano Nataliya Stepanska e do pianista Marcello Guarini, antecedido de uma palestra de grande erudição, que focou o tema da música e que o orador “temperou” com a sua excecional ironia.

António Saldanha, monsenhor, abordou, apropriadamente, a arte dos sons na conferência para que foi convidado nos 40 anos do GCH, iniciadas na noite de sábado, 22 de abril, e que se prolongam pelo domingo e na segunda-feira seguintes. A “lição” do antigo pároco da Matriz, hoje radicado em Roma pela Causa dos Santos, Congregação a que pertence, criou, como é costume sempre que vem falar à sua terra natal, expectativas. O clérigo não defraudou o auditório, começando por prevenir os assistentes de que a sua fala soaria pior do que a música. Porém, foi ouvido com atenção sobre o papel da música sacra e dos seus autores, bem como da sublimidade desta criação artística. António Saldanha lembrou que o Homem, mesmo sob o martírio dos campos de concentração da perseguição nazi e dos Gulag de Estaline, foi capaz de compor, porque – afirmou – a música, se não impede a morte, garante a libertação. Igual a si próprio, o antigo acólito da Matriz da Horta, lançou, sobre o auditório, já no fim, um gesto de benevolência, após largos minutos de dissertação: Vou terminar, pois vejo vocês com cara de aflição como quem está no dentista! A sala produziu o elogio mais apreciado por qualquer orador, só superado pelo aplauso, estrepitoso e prolongado, que também escutou: um riso franco, a roçar a gaitada.

Antes tinham falado os presidentes do GCH, da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa dos Açores. O presidente do Município disse que o desenvolvimento de uma terra não depende apenas «do betão», referindo-se às obras em curso, mas, igualmente, do investimento no sector cultural, aposta em que Carlos Ferreira garantiu estar empenhada a vereação que dirige. O presidente do parlamento referiu-se, por seu turno, a «importantes infraestruturas culturais muito degradadas, ou até esquecidas» no Faial. Luís Garcia apontou o Museu da Horta, «que precisa ser ampliado»; a «Igreja de São Francisco, que esteve anos esquecida»; a «Igreja do Carmo que não fora a persistência do padre Marco Luciano ainda estaria abandonada». Mencionou, também, como «património a recuperar», a Trinity House e a Casa Manuel de Arriaga.

Seguiu-se a atuação [VER VÍDEO EM BAIXO] da soprano Nataliya Stepanska, acompanhada, ao piano, por Marcelo Guarini e, a encerrar, ainda antes de ser partido o bolo de aniversário acompanhado de espumante servido a todos os presentes, o “brinde” com que o GCH presenteou a assistência, com a alta qualidade a que habituou quem procura escutar esta prestigiada coletividade artístico-cultural faialense [VER VÍDEO EM BAIXO].

Durante a sessão foram feitas diversas homenagens, com especial relevo à prestada ao maestro que dirigiu o GCH aquando da sua fundação, a 3 de abril de 1983, o acarinhado e inesquecível Manuel da Silva Azevedo. Presente no Amor da Pátria, acompanhado pela sua esposa, seu braço direito na vida e na fase difícil por que passa em consequência de doença que lhe afeta os movimentos, nanja a mente, pôde presenciar toda a assistência, de pé, a aplaudi-lo longamente. Manuel Azevedo recebeu, assim, um sentido tributo, que, porventura, não imaginou, nesta sua deslocação ao Faial.

Receberam também o preito do reconhecimento, como fundadores do GCH em atividade, António Matos, António Bettencourt, Elvina Matos, Maria Conceição Marques e Maria Emília Lacerda.

Das comemorações do 40.º aniversário constam, neste domingo, 23 de abril, uma missa cantada na igreja do Carmo, pelas 18 horas, em homenagem aos coralistas já falecidos. Amanhã, segunda-feira, 24 de abril, no Amor da Pátria, acontece o 8.º Horta Coral, com a participação do Orfeão Madeirense, Coral da Madalena (Pico) e GCH e a solista convidada Nataliya Stepanska.

Na fotografia de topo, a sessão solene do 40.º aniversário do Grupo Coral da Horta

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