Relação de forças no Parlamento altera-se
O deputado único da Iniciativa Liberal (IL) na Assembleia Legislativa dos Açores atirou para o caixote do lixo o acordo com o PSD. O deputado independente seguiu-lhe o exemplo. Governo deixa de ser apoiado pela maioria dos deputados
TÊM RECRUDESCIDO os comentários sobre a instabilidade que estará a afetar a coesão do Governo Regional dos Açores (GRA), apoiado pela coligação formada pelo PSD, CDS-PP e PPM. Para tanto contribui a ascendência que Artur Lima, líder do CDS-PP e vice-presidente do GRA, tem exibido enquanto governante, em contraponto com uma alegada falta de liderança do PSD, principal partido da coligação. José Manuel Bolieiro, presidente do GRA, cujo perfil consensual chegou a ser apresentado como garantia de um executivo sólido, não escapa a acusações de falta de pulso na condução da equipa governativa, deixando o seu partido apagar-se diante do protagonismo dos parceiros, muito menos representativos eleitoralmente.
Neste quadro, Clélio Meneses, secretário regional da Saúde e Desporto, bateu com força com a porta de saída do Governo, invocando ingerências no seu trabalho, supondo-se que esse comportamento ocorreu no contexto das relações entre membros do Conselho do Governo.
CLÉLIO ACENDE O LUME, BARATA ATEIA A FOGUEIRA
Histórico das fileiras sociais-democratas terceirenses, medindo forças no campo partidário com o companheiro António Ventura, secretário regional da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e figura máxima do PSD na ilha Terceira, Clélio Meneses acendeu o lume desta fogueira, para, dias depois, ver o deputado da IL no parlamento açoriano soprar para atear o fogo que consome a coligação governamental.
Nuno Barata acusou o PSD, perante um plenário parlamentar em silêncio sepulcral durante a sua intervenção, de ser o responsável «unilateral» pelo fim do acordo que assinara com a IL, ao não cumprir o combinado. À boleia, o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega), também disse que o Governo deixava de ter o seu apoio.
Sendo assim, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) fica sem uma maioria absoluta, baseada na coligação PSD/CDS-PP)PPM, com o apoio do Chega, IL e deputado independente, que somava 29 votos, em 57.
Conforme o gráfico abaixo, após as eleições de 2020, os mandatos dos 57 deputados ficaram assim distribuídos: PS, 25; PSD, 21; CDS, 3; BE, 2; PPM, 2 (um deles fruto de uma coligação no Corvo entre o PPM e o CDS-PP); CH, 2 (posteriormente um destes deputados passou a independente); IL, 1 e PAN, 1.

A distribuição de forças, após os acordos, determinou uma maioria de 29 deputados: PSD, CDS; PPM, CH e IL (gráfico abaixo).

A partir de hoje, IL e deputado independente passam a assumir uma posição de charneira (gráfico abaixo).

NA FOTOGRAFIA, COM DIREITOS RESERVADOS, A SEDE DO PARLAMENTO ONDE SE JOGA A CONTINUIDADO DO GOVERNO