ESTÓRIAS

PEDRÃO CAIU NA AVENIDA

Muitos faialenses ainda se lembram das obras de consolidação do quebra-mar da Avenida Marginal, a meados dos anos 80 do século passado, quando também foi construída a Marina da Horta.

Há uma curiosa fotografia (talvez do Silva Fotógrafo) dessa altura, que chegou a estar (não sei se ainda está) dependurada, num quadro, na parede do bar do Tomás (antigo Chico das Bicicletas), mostrando a grua que realizou os trabalhos, da marca NCK, quase coberta pela rebentação das ondas do temporal de 1986, se não estou em erro.

Manobrava aquela máquina pesada o exímio operador Humberto Goulart, hoje dos maiores empresários do Faial, ao tempo funcionário da Tecnovia.

Este operário estava, certo dia, a colocar pedras no quebra-mar na zona de interceção da Travessa da Boa Viagem com a Avenida. Com a NCK, através de um tridente, pegava em pedrões que pesavam 10 a 15 toneladas, colocando-os, com a competência e cuidado que se lhe reconhecia, no quebra-mar, assim realizando a consolidação que era objeto da empreitada.

Como quem anda à chuva é que se molha, calhou na rifa ao Humberto um azar! Quando deslocava uma pedra do camião para o quebra-mar, talvez porque o tridente não a agarrou convenientemente, deu-se um “sismo”: aquela dúzia de toneladas expediu e caiu sobre o paredão da Avenida, na parte côncava, virada ao mar. Pareceu mesmo um abalo de terra.

A engenheira Maria João, delegada das Obras Públicas, figura marcante de uma época na Horta, morava no conjunto de apartamento da Travessa da Boa Viagem. Estava em casa e a mesa saltou-lhe na frente. Não decorreu um minuto e, no seu estilo espalhafatoso, associado a uma figura volumosa, atravessou a Avenida e deu uma “piçada” no manobrador, que ainda hoje lhe soa nos ouvidos!

Moral da estória: a pedra caiu sobre a parede da Avenida e nem uma lasca de cimento arrancou.

Fica aqui demonstrada a qualidade da obra da Avenida Marginal da Horta, cujo valor não resulta somente do seu traço modernista. |x

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