Chuva no Dia de Todos os Santos
“Pão por Deus” e “Fiéis Defuntos” em declínio
ESTÃO LANÇADOS avisos amarelos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para todos os Grupos do arquipélago dos Açores prevenindo para «precipitação por vezes forte, podendo ser acompanhada de trovoada».
Os Grupos Central e Oriental deverão ser afetados pela chuva intensa a partir do meio-dia de amanhã e durante 24 horas. No Grupo Ocidental só a partir das 21 horas é que a chuva se deverá intensificar, terminando o aviso às 9 horas da terça-feira.
O Dia de Todos os Santos, 1 de novembro, será, assim, condicionado pelo estado do tempo, pondo em causa a já cada vez mais enfraquecida tradição de pedir «por pão por Deus».
Por ser feriado e véspera do Dia dos Fiéis Defuntos, ambos celebrados pela Igreja Católica, o primeiro de novembro também costuma ser aproveitado para romagens aos cemitérios, onde familiares e amigos recordam e homenageiam os seus falecidos.
A Câmara Municipal da Horta cumprirá a tradição de mandar celebrar uma missa no Cemitério do Carmo a 2 de novembro, pelas 11 horas, após a qual será feita uma homenagem, junto do respetivo memorial, aos militares falecidos na explosão da Bateria de Artilharia de Defesa de Costa, na Alagoa, ocorrida a 22 de abril de 1941.
A festa do “Halloween” (dia das bruxas), que importada de outras paragens, chegou, entretanto, aos Açores, para celebrar-se na véspera do dia de «pão por Deus» e terá contribuído para que a tradição açoriana mingasse, embora, certamente, não seja a única causa de se ter deixado de ver magotes de criançada batendo às portas por um doce.
A celebração dos Fiéis Defuntos era, por seu lado, um momento de grande adesão às igrejas no segundo dia de novembro, altura em que os crentes “pediam por alma” de todos os que, das suas relações, tinham partido.
Na Horta, há meio século ou talvez ainda menos, eram celebradas missas de hora a hora durante todo o dia e com grande presença de fiéis, culminando com uma eucaristia solenizada, que levava à Matriz do Santíssimo Salvador uma enchente só comparável às celebrações de Natal e da Semana Santa. Inclusivamente este era um dia em que se deslocavam à igreja diversas pessoas que não tinham o hábito de fazê-lo. |x