Uma vista de olhos: do «ano do ciclone» ao recente Gaston
FAZ HOJE TRÊS ANOS que a ilha do Faial foi atingida pelo furacão Lorenzo. A Proteção Civil recomendou à população a tomada de precauções e, ao contrário de outras ocasiões, a passagem do temporal afetou fortemente a ilha do Faial, quiçá com uma violência superior ao esperado. Conforme se falou na altura, a conjugação do pico tempestuoso com a maré cheia fez com que o mar galgasse a terra, não de forma ficcionada como dramatizou Armando Cortês-Rodrigues, mas de uma maneira tão real que as aflições vividas permanecem bem acentuadas na mente de quem as sentiu.
Toda a orla costeia do Sul do Faial sofreu com o Lorenzo, que ao raiar do dia se enfureceu com tal agitação ao ponto de colocar vidas humanas em risco. Assim foi na zona do Porto da Feteira, onde o socorro surgiu a tempo de salvar uma família cuja a casa, junto à estrada, foi parcialmente destruída pela força das ondas e na zona do Portão de Porto Pim, que ficou completamente inundada com a invasão de um mar louco [ na fotografia de topo ] que violou a portada de várias habitações.
Gerou-se um outro tipo de onda, que há muito tempo não se via no Faial, a da solidariedade com os sinistrados, cerca de uma centena, metade dos quais tiveram que ser realojados. As operações de limpeza e recuperação de bens, promovidas pelas autoridades, tiveram uma significativa participação da população.
Obras de consolidação da orla marítima, com recurso à construção de fortes paredões em cimento armado, onde os efeitos do Lorenzo puseram a nu as maiores fragilidades, ainda decorrem na zona do Pasteleiro, não sem que tenham provocado a insatisfação dos moradores, que manifestaram o seu descontentamento.
No Capelo, Castelo Branco e Feteira houve grandes beneficiações nas respetivas zonas balneares, na sequência de medidas especiais tomadas pelo Estado, cuja falta de celeridade serviu de pretexto para o debate político, nomeadamente no âmbito autárquico.
DEJALME INTERROGA-SE
Enquanto isto Dejalme Vargas, no Facebook, nota que passaram «1.096 dias após o Furacão Lorenzo» e interroga-se sobre se o «Aquário de Porto Pim continua fechado» e se «o Passadiço da Praia de Porto Pim [está] em projeto». Este vigilante da natureza pergunta também se a «Zona balnear do Porto da Feteira [está] ao abandono» e se «ninguém se lembrou» que a zona ribeirinha da Feteira «foi afetada».
«Isto para não falar do que fizeram ao Porto do Alcaide e a falta de visão que tiveram na costa do Pasteleiro que podiam ter aproveitado para uma zona de banhos como fizeram no Fanal na ilha Terceira», escreve Dejalme Vargas, para concluir que «no Faial gastam milhões de euros», mas «a falta de visão de quem os projeta é de tal forma dramática que não há palavras…»
HISTÓRIA DE FURACÕES. O furacão Lorenzo foi acompanhado de vento fortíssimo cuja maior velocidade atingiu 145 km/h na ilha do Faial. As ondas do mar chegaram a 15 metros de altura. Do registo da passagem pelos Açores de intenso mau tempo, na Wikipédia, respiga-se os seguintes eventos: 1893 ficou conhecido como o “ano do ciclone”, quando aconteceu uma das maiores tempestades de que há memória nos Açores, afetando o Grupo Central. Ainda antes de terminar o século XIX, em 1899, novo temporal passou pelo arquipélago, sacrificando de novo o Grupo Central. Em 1946 o mau tempo voltou com carácter de muita intensidade no Grupo Central. Em 1952 as costas sul e sudoeste das ilhas sofreram com um ciclone que, no Faial, foi inclemente na Feteira, destruindo habitações. No dia 15 de fevereiro de 1986 passou pelos Grupos Ocidental e Central um furacão que provocou vento com rajadas de 260 km/h no Faial e ondas de 60 metros de altura. Neste dia foi obtida a famosa fotografia “Neptuno na Horta”, celebrizada pelo Peter Café Sport. Em 1995 foi a vez do Tanya, que no Faial levou telhados à sua frente. Há alusões a 2006 na lista de tempestades que afetaram os Açores com a inserção dos furacões Gordon e Helene. Em 2012 outra vez (a primeira foi em 2006) um furacão denominado Gordon e a tempestade Nadine, que passou duas vezes, entraram no rol de eventos meteorológicos extremos que “visitaram” as ilhas açorianas. 2016 foi o ano do furacão Alex e 2017 o do Ophelia. Em 2018 a denominação Helene (de novo, tal como em 2006) foi dada a uma tempestade tropical que passou pelos Açores. Em 2019 apareceu o Lorenzo e em 2022 o Gaston. |X|
Gostei de ler esta esta pequena e grande História dos furacões,que fustigaram os Açores ,desde o século 19 . Obrigado
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