Investigador faz resenha histórica da Festa de Santa Maria Madalena
Hoje é o dia grande das Festas da Madalena, «a primeira grande festa de verão da ilha do Pico», conforme notou ontem o investigador histórico picoense Albino Terra Garcia na sua crónica no programas radiofónico «Jornal da Ilha», emitido pelas três estações de radiodifusão Rádio Cais, Rádio Montanha e Rádio Pico.
A festa «ostenta a denominação plural de Festas da Madalena cuja instituição, há mais de cinco séculos, se fez em homenagem exclusiva a Santa Maria Madalena», sublinhou Terra Garcia.
O investigador leu, na crónica referida, uma resenha histórica deste fenómeno religioso, que, entretanto, ultrapassou a barreira da devoção para, tal como os seus congéneres da Ilha e da Região, se inserir no programa recreativo que atravessa e anima os Açores na época de verão.
Por esta altura a azáfama no Canal Faial – Pico é uma constante, conforme se comprova na fotografia, de Flávio Costa, que mostra a operação simultânea dos dois “Cruzeiros” e do «Gilberto Mariano» no Porto da Madalena. A Atlânticoline reforçou as ligações entre a vila picarota e a cidade da Horta no período das Festas.
O movimento acrescido no Canal nos dias anteriores e posteriores a 22 de julho, que tem recebido o contributo do turismo, nos anos mais recentes, remonta, no entanto, ao longo passado comum do Pico e do Faial, particularmente da Madalena e da Horta. A Festa de Santa Maria Madalena, nesse contexto, teve um papel de relevo.
«Em 1542 a ilha do Pico foi dividida em dois concelhos: Lajes e São Roque, incluindo-se a Madalena neste último. No entanto, se juridicamente a freguesia da Madalena passou a fazer parte do novo concelho de S. Roque do Pico, a paróquia continuou anexa à Ouvidoria da Horta, pelo menos até 1657, segundo refere Silveira Macedo na “Historia das Quatro Ilhas que Formam o Distrito da Horta”. Isso diz da continuada intervenção e participação do povo faialense nos festejos em honra de Santa Maria Madalena», explicou Albino Terra Garcia, sublinhando que «a freguesia da Madalena, inicialmente incluída no concelho da Horta, sofreu influência e moldou-se aos propósitos dos “senhores do Faial” que possuíam propriedades em toda a zona da Fronteira do Pico, da qual fizeram, durante séculos, a sua extensa quinta e estação de veraneio que a serviçal submissão picarota mantinha próspera e reconfortante. Aqui estabeleceram marcos de fé, como ermidas e oratórios, e criaram as correspondentes festas estivais que haviam de animar os veraneantes desses tempos idos. Não admira, portanto, que a atual igreja de Santa Maria Madalena, uma das mais valiosas e imponentes da ilha, tenha sido inicialmente erigida por faialenses, detentores de vinhedos latifundiários nesta margem do Canal, entre os quais se destacava o capitão-mor Jorge Goulart Pimentel».
Aquilo que acontece nestes dias com as ligações no braço de mar que une a Madalena à Horta é o espelho da vida comum das duas ilhas do arquipélago dos Açores que se encontram mais próximas e que torna a sua interdependência um caso especial no Triângulo e na Região, a que Tomás Duarte chamou «Comunidade do Canal».
Este historiador picoense detalhou os principais acontecimentos que marcaram a evolução dos festejos, relevando, a dado passo, «a grande devoção dos povos do concelho da Madalena (e da Horta) a esta santa figura.» + AQUI.
Aquilo que acontece, por causa das Festas da Madalena, com as ligações no braço de mar que une a vila da “Fronteira” do Pico à Horta é o espelho da vida comum das duas ilhas do arquipélago dos Açores que se encontram mais próximas e que torna a sua interdependência um caso especial no Triângulo e na Região, a que Tomás Duarte chamou «Comunidade do Canal». |X|
[ NOTÍCIA PUBLICADA NO FREGUÊS – JORNAL DAS FREGUESIAS DO TRIÂNHULO DOS AÇORES + AQUI ]