A MUDANÇA

​Assisti, intermitentemente, à sessão de ontem da Assembleia Municipal da Horta. Não tenho, portanto, uma ideia global sobre o que se passou, por isso vou dar uma opinião​ baseada no que ouvi e apenas em relação a um assunto, que, no entanto, se reveste de relevante importância política e não só.

Foi dito que nos últimos anos (salvo erro quatro ou cinco) a Câmara Municipal da Horta orçamentou à volta de oito milhões de euros para o abastecimento de água. Depois foi afirmado que apenas metade desse montante é que teve aplicação. Entretanto, também foi revelado que todos os furos de água do concelho estão ilegais. Tudo isto depois de, na reunião camarária em que foram aprovados o plano e orçamento, a maioria responsável pelo executivo municipal ter assumido que o problema da água é como um vulcão quase a rebentar.

Postas as coisas desta maneira outras conclusões não se podem tirar senão as seguintes: os responsáveis municipais anteriores esconderam dos faialenses um problema gravíssimo. Lembro-me de o ex-vice-presidente ter dito, numa reportagem da RTP-Açores, que existiam furos por certificar devido à proximidade de atividade pecuária. De resto, para além da questão da qualidade da água, sempre apresentada como uma bandeira abonatória e de alguns cortes no abastecimento, que, vê-se agora, eram mau presságio, nada mais se soube!

O que é que se passa, então? Quais são os problemas que afetam o abastecimento de água para que a situação seja descrita de forma tão crua e preocupante?

Além disto, pergunto: os quatro milhões orçamentados e não aplicados foram para onde? Na Câmara existe um “saldo” de quatro milhões, transitado da gestão anterior: serão esses os quatro milhões não utilizados? Se são, é muito mau que assim aconteça; ou estar-se-á a falar de receita prevista e não arrecadada? Ou, outra hipótese, o dinheiro seguiu para investimentos diferentes?

São necessárias respostas claras e que ninguém venha dizer que os documentos (relatórios de execução) estão disponíveis para consulta, porque compete ao poder político informar os cidadãos com transparência, numa atitude pró-ativa. Transparência, aliás, de que tanto se fala em tempo de promessas eleitorais.

Os faialenses precisam saber o que é que se passou, porque estamos perante um assunto da maior importância e ninguém quer que, amanhã, o abastecimento de água no Faial colapse, pois isso seria dramático.

Também ouvi ontem, durante a sessão da Assembleia, que as nascentes estão abandonadas, sem a respetiva segurança garantida para que se evite a sua conspurcação. Outra situação da maior gravidade e relacionada com a questão que estou aqui a tratar.

Ninguém se lembrará, porque o foco era outro, mas eu levantei, na última campanha eleitoral, o problema dos furos que estão sujeitos à contaminação provocada pela presença de animais em redor.

Este cenário deveria ter levado a um cabal esclarecimento do assunto na sessão de ontem da Assembleia Municipal. Essa é uma das funções, fiscalizadoras, deste órgão. Mas isso não aconteceu, porque continua a persistir a tendência de valorizar o debate político-partidário em detrimento de uma discussão útil aos munícipes.

Alertei bastantes vezes, antes das últimas eleições autárquicas, para a importância de os faialenses terem uma representação nos órgãos autárquicos de alguém que não pusesse à frente do interesse da ilha as conveniências dos partidos e dos seus protagonistas.

Estou fortemente expectante em relação ao que a nova Câmara Municipal fará em relação a este tema. Vai explicar aos faialenses o que se passa, ou seguirá o caminho da ocultação, para obter benefícios disso, não arcando com as consequências da dificuldade de resolver o imbróglio? É que a mudança passa, principalmente, por aí. |X|

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