Conferência «Horta: uma Cidade Portuguesa entre o Reino e o Império» amanhã no Teatro Faialense
A freguesia central da cidade da Horta, ilha do Faial, tem em curso o programa de celebração do dia da freguesia, que ocorre amanhã, 8 de março, pela décima quinta vez.
O programa vai para além da data festiva, tendo-se iniciado há um mês, com o “Matriz Urban Trail/Virtual 2021 e Caminhada”, que se prolonga até ao próximo dia 13. Em abril, no dia 6, será feito o encerramento do calendário comemorativo com uma palestra intitulada «A Mulher no Poder Local», a proferir pela jornalista Cristina Silveira, no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo João José da Graça, pelas 20h30.
O ponto alto das celebrações acontece amanhã a partir das 20h30 com a realização da sessão solene evocativa do dia da freguesia, duas horas depois de uma missa solene de ação de graças na igreja do Santísimo Salvador da Horta.
No Teatro Faialense, a sessão solene, presidida pelo presidente do parlamento açoriano, Luís Garcia, começará com os discursos da praxe, entre eles o do presidente da junta, normalmente aproveitado para uma balanço das atividades desenvolvidas e a desenvolver e que, neste ano, terá particular intersse visto que o presente mandato autárquico termina antes do final do ano. Não se espera que Laurénio Tavares diga se é recandidato, pois, apesar de tudo, ainda é cedo, mas certamente dará sinais que poderão levar a uma interpretação sobre as suas intenções.
Seguem-se três homenagens promovidas pela Junta de Freguesia da Matriz, a Carlos Machado, Mário Frayão e loja Tabu.
Como é habitual a sessão conta com uma conferência histórica, desta feita a proferir pela professora doutora Antonieta Reis Leite sobre a «Horta: uma Cidade Portuguesa entre o Reino e o Império».
No momento musical a que também já é hábito assisitir atuará o Duo CORDIS, piano & guitarra portuguesa.
Por fim, o lançamento do opúsculo «A Fortificação da Horta – Defesa e Identidade», da autoria do tenente-coronel Manuel Augusto de Faria, faialense, que foi o conferencista do anterior dia da freguesia. Nesta ocasião, a cada ano, é lançada a edição da palestra precedente.
OS HOMENAGEADOS
Carlos Machado, falecido recentemente, foi autarca na Matriz, tendo pertencido ao executivo da freguesia e mais recentemente exercia funções de vogal da assembleia de freguesia. Distinguiu-se pela forma dedicada e voluntariosa como desempenhou as responsabilidades que lhe estavam atribuídas, granjeando grande simpatia por parte da população, que nele via um cidadão exemplar e disponível. Anos antes presidiu ao Grémio Literário Artista Faialense, em tempos de abandono das coletividades locais e desinteresse geral pela sua história e importância, remando contra a maré, contudo obteve assinalável sucesso no resgate de “O Artista”, designação com que aquela agremiação é conhecida no meio faialense.
Mário Frayão, que faleceu há poucos meses, depois de se ter evidenciado como um dinamizador cultural da cidade da Horta, no início da sua vida, acabou por fixar residência em Lisboa, de onde regressou reformado para retomar uma atividade de permanente inquietação sobre o futuro da sua terra. Sempre preocupado com a intervenção cultural, passou pela política como deputado municipal eleito pela CDU, interveio na rádio, escreveu e, sobretudo, tronou-se numa consciência crítica em luta contra a desvalorização do Faial, da cidade e da suas gentes em vários campos, assumindo-se como uma figura incontornável na afirmação da hoje tão propalada cidadania.
A loja Tabu, pronto-a-vestir, área comercial não isenta de dificuldades, conseguiu atingir o patamar do quarto de século, sendo hoje uma referência da praça faialense e da Matriz em particular, singrando como confirmação do valor da iniciativa privada.
ESTATUTO DIFERENTE
A freguesia da Matriz da Horta [na fotografia, de Filipe Gonçalves, a fachada da igreja Matriz, que dá nome à freguesia], no concelho a que pertence, que coincide com a ilha, é uma freguesia que goza de um estatuto diferente das restantes doze, na medida em que na sua jurisdição encontra-se instalada a sede do município, com sobreposição de áreas de intervenção.
O papel do presidente de junta e da sua equipa chegou a ser encarado, no passado, como tendo uma importância menor, em face, precisamente, da partilha de espaços e intervenção com a câmara municipal. No entanto, o atual presidente da junta, Laurénio Tavares — e também alguns dos seus antecessores — tem caracterizado a sua ação de modo a contraiar esta “ideia feita”, alcançando ganhos para a sua localidade, sobretudo com realizações concretas que vão ao encontro dos seus fregueses e assim demostrando a importância desta autarquia local, apesar do contexto em que se insere.
O trabalho de integração social do Bairro da Boavista; a componente de qualidade que é imprimida à programação cultural, nomeadamente ao dia da freguesia e aos concertos de final de verão e a decoração das varandas, ruas e espaços da cidade com vasos de flores — uma iniciativa de Laurénio Tavares que remonta ao tempo em que, pela primeira vez, foi vereador — mostram bem o esforço de retirar a Matriz da sombra de uma entidade maior.
AUTARCAS
Lista dos presidentes da Junta de Freguesia da Matriz desde 1979:
1979 — Arnaldo Lira (PSD); 1982, 1985, 1989, 1993 — Antero Gonçalves (PSD); 1997 — António Dowling (PS); 2001, 2005, 2009 — Laurénio Tavares (PSD); 2013 — Alice Rosa (PSD); 2017 — Laurénio Tavares (PSD). |X|
|| SOUTO GONÇALVES texto
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