Faleceu ontem, na Horta, um dos maiores impulsionadores do fado na ilha do Faial, aos 69 anos, após doença.
Franzino, mas com uma alma de fadista que o superava, Américo Bernardino de Magalhães Leite, que nasceu a 16 de fevereiro de 1952, em Cabeceiras de Basto, radicou-se no Faial em 2010, de onde é natural a sua mulher, Lília.
A partir dessa altura pôs a render os seus talentos enquanto tocador de viola de fado e deu novo fôlego aos faialenses que já cultivavam o gosto por este estilo musical genuinamente português, tendo reunido à sua volta, como “professor”, uma dúzia de fadistas nesta ilha, que regularmente ensaiam e atuam.
Para quem segue com alguma atenção as tertúlias fadistas locais, começou a tornar-se evidente o carisma de Amércio Leite, que, sem qualquer tipo de ostentação, se apresentava de uma forma marcante e digna, enquanto executante.

Américo Leite [na fotografia, com direitos reservados] tem um longo historial de ligação a este género musical, património cultural imaterial da Humanidade, na castiça Lisboa, onde atuou inúmeras vezes, ao lado de artistas de nomeada.
Militar de profissão, atingiu a patente de tenente-coronel e quem o conhecia bem diz que pautava a sua vida pelo rigor, sem deixar de revelar um coração bom.
A sua experiência, serenidade e sensibilidade tornaram-se uma âncora dos fadistas faialenses, que ensinou, apoiou e motivou.
Curiosamente, não sabia tocar guitarra portuguesa, mas os seus conhecimentos permitiam-lhe orientar os executantes, detetar os erros e promover as atuações em público com a qualidade que ao grupo de tocadores e fadistas que o acompanhavam se reconhece. |X|
SOUTO GONÇALVES TEXTO