SÓCIO E ANTIGO JOGADOR DO FAYAL SPORT ARMANDO AMARAL TAMBÉM ESCREVEU SOBRE O CLUBE, CONTRIBUINDO PARA ENRIQUECER O CONHECIMENTO HISTÓRICO DESTA COLETIVIDADE E DO DESPORTO NA ILHA DO FAIAL [FOTOGRAFIA: LUÍS CONTENTE FREITAS]
Este faialense tem um percurso meritório como cidadão interventor no desporto, na política, na religião e no jornalismo
Sáb. 24 out. 2020 – 14h47 | Souto Gonçalves [texto]
Figura já no topo da galeria das pessoas mais velhas da ilha do Faial, tendo completado ontem a invejável “marca” – se quisermos usar uma palavra associada ao desporto, onde deixou marcas – dos 100 anos como sobrevivente de uma jornada que para muitos é bem mais curta. Armando de Freitas Amaral, há anos a residir em Angra do Heroísmo, junto da descendência, que o acompanhou na celebração festiva do centenário, deixou, na ilha que o viu nascer, razões suficientes para ser considerado um protagonista de referência.
Começou a distinguir-se no desporto, no clube de que hoje é o sócio mais antigo, como titular do “onze maravilha”, equipa de futebol do Fayal Sport Club vencedora dos campeonatos distritais de 1938 e 1938 e, em 1940, do “Torneio de Classificação”. Foi também jogador de basquetebol, envergando sempre a camisola verde.
Depois de sair do campo, numa fase mais adiantada da vida, escreveu, em livro, sobre recordações do seu clube de coração: “Álbum Comemorativo dos 75 anos do FSC”, (1988), com José Bettencourt Brum; “Recordando – a Bola, os Outros e Eu”, (1999), livro que reúne escritos de finais da década de 1960 do jornal do Fayal Sport Club e “Aguenta Verdos”, (2009), no centenário do decano dos clubes desportivos açorianos.
Categoria de honra do Fayal Sport Club, em 1938. De pé, da esquerda, para a direita: António Costa, António Dutra, António Garcia, João Rodrigues (treinador), António Torres Neves, João Fernandes e António P. Neves; sentados, pela mesma ordem: Thiers Lemos Jr., Joaquim Morisson, Eduíno Cândido, ARMANDO AMARAL e Manuel Bulcão [fotografia: direitos reservados]
POLÍTICA, RELIGIÃO E JORNALISMO
Funcionário do Banco de Portugal na Horta, repartiu a sua disponibilidade social por atividades no campo da política, do jornalismo e da Igreja Católica.
Foi dirigente proeminente do partido do Centro Democrático Social (CDS) no Faial, onde disputou com o PSD, embora sem sucesso, o terreno político identificado com a democracia cristã e a social-democracia. A sua forte militância na Igreja Católica e no CDS valeu-lhe alguns dissabores no confronto, nem sempre abertamente assumido, com dirigentes do partido do poder (PSD), eles próprios com muita ascendência na comunidade católica faialense e no clero local. Férteis em votos, porque numerosos e identificados com os valores em presença, os católicos do Faial eram muito apetecidos nesse tempo.
Durante largos anos mordomo da Confraria do Santíssimo Sacramento da Matriz da Horta, Armando Amaral assumiu a função com grande dignidade, conferindo-lhe uma exemplar respeitabilidade. Praticante ativo, envolvendo-se em vários movimentos e desempenhando diversos múnus, tornou-se num edificante católico e granjeou a admiração geral.
Ligado ao jornal diário Correio da Horta desde cedo, alargou a sua presença na imprensa, que ainda se nota através da colaboração que mantém com o jornal Tribuna das Ilhas. Com um estilo de escrita único, pitoresco quantas vezes, traduzindo um sentido de observação atenta e acutilante quanto baste, insistentemente defensor da sua terra, dá textos à estampa que, pela peculiaridade com que os apresenta, podem ser-lhe atribuídos sem necessidade de que lhe seja aposta assinatura. A utilização de palavras incomuns, como “nanja” e “quiçá”, funciona como uma evocação de Armando de Freitas Amaral para quem acompanha a sua longevidade jornalística. |X|
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