Sondagem não antevê surpresas eleitorais nos Açores

ESTUDO DE OPINIÃO ELABORADO PARA A RTP PELA UNIVERSIDADE CATÓLICA (UC) A 17 E 18 DE OUTUBRO

Manutenção da maioria absoluta e entrada de novos partidos para o parlamento são cenários mais prováveis

Qui. 22 out. 2020 – 00h04 | Souto Gonçalves [texto]

A RTP 1 e a RTP-Açores abriram ontem os respetivos Telejornais com a divulgação de uma sondagem que antecipa a renovação da maioria absoluta pelo Partido Socialista (PS) na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) nas eleições do próximo domingo.

Esta é a hipótese mais plausível pois o estudo de opinião em causa atribui ao partido que governa os Açores a possibilidade de eleição de 28 a 32 deputados. Como o parlamento regional é composto por 57 lugares isto quer dizer que apenas no caso de se verificar o pior resultado apontado na previsão é que o PS não atingiria o objetivo alcançado nas últimas cinco eleições, ou seja, desde o ano 2000, já que quando retirou o Governo das mãos do PSD, em 1996, obteve uma maioria parlamentar relativa.

O sentimento que atualmente perpassa a sociedade política açoriana é o de que se torna impossível afastar os socialistas do poder, pelo que o propósito dos partidos da oposição, incluindo o maior, se resume a tentar impedir a maioria absoluta.

Neste contexto, com o qual a sondagem se alinha, tudo gira em torno da dicotomia maioria absoluta/maioria relativa.

Se o PS confirmar a sua hegemonia com uma maioria absoluta o PSD, como principal partido da oposição, perde importância, pois os desaires eleitorais confirmam-se enquanto fenómenos diretamente proporcionais às vitórias esmagadoras do seu primeiro rival e a ideia de alternativa continuará a esvaziar-se.

Assim, as atenções convergirão para o facto, se se verificar, de ocorrer um refrescamento do espectro composto pelos partidos mais pequenos. É que a sondagem indica que forças partidárias como o Chega, PAN e Iniciativa Liberal estarão à porta do parlamento, na expectativa da eleição de um deputado e em face de uma provável perda de alguns lugares ocupados pelo CDS-PP, Bloco de Esquerda (BE) e PCP/PEV.

Com a criação do círculo eleitoral de compensação a ALRAA acentuou a sua faceta multicor, passando a ter representações partidárias para além de PS, PSD, CDS-PP e CDU, acolhendo o BE e o PPM, se bem que o deputado monárquico tenha sido eleito por um círculo de ilha. Agora, diz a sondagem, a diversidade ainda poderá ser maior.

Com uma maioria absoluta nos Açores tudo continuará como dantes e o quartel-general em Abrantes. Caso contrário avizinhar-se-ão tempos, no mínimo, curiosos, pois o jogo parlamentar será completamente diferente do habitual, uma espécie de xadrez com inúmeras combinações possíveis.

Não há tradição no arquipélago de entendimentos partidários para a formação de uma maioria parlamentar de apoio ao executivo, porque nunca foi preciso, pois PSD, primeiro e PS, depois, sempre governaram com maioria absoluta. Confirmando que toda a regra tem exceção, na parte final da Legislatura 1988-1992 o PSD, que tinha 26 de 51 deputados, perdeu Renato Moura e a maioria. Em 1996 o PS venceu pela primeira vez as eleições regionais mas ficou com o mesmo número de deputados do que o PSD (24 para cada um). O CDS-PP e o PCP/PEV assumiram o papel de charneira, com 3 e 1 deputados respetivamente.

COMPOSIÇÃO ATUAL DO PARLAMENTO: 57 DEPUTADOS

PARTIDO N.º DEPUTADOS
PS30
PSD19
CDS-PP4
BE2
PCP/PEV1
PPM1

RESULTADOS ELEITORAIS 2016

PARTIDO%MANDATOSVOTOS
PS46,433043.266
PSD30,891928.790
CDS-PP7,1646.674
BE3,6623.410
PCP/PEV2,6112.431
PAN1,431.332
PPM0,931866
PURP0,48451
MPT0,37343
PCTP/MRPP0,32302
L/TDA0,24227
PDR0,0984
MAS0,0766
Brancos2,902.699
Nulos2,412.248

FICHA TÉCNICA DA SONDAGEM: Esta sondagem foi realizada pela Universidade Católica para a RTP nos dias 17 e 18 de outubro nos dois círculos eleitorais com maior número de eleitores (São Miguel e Terceira). Foram obtidos 3159 inquéritos válidos. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 3159 inquiridos é de 1,7% com um nível de confiança de 95%.