NA MINHA OPINIÃO… |
Por estes dias entrou-me na caixa do correio uma “revista” intitulada “Medidas de apoio às empresas e ao emprego – COVID-19” com a chancela do Governo dos Açores.
Ainda não me detive, com detalhe, na informação veiculada, mas folheei as 32 páginas desta publicação e percebi que se trata de um documento útil, que reúne, de forma concisa e de fácil perceção, o conjunto vasto de ajudas, nomeadamente no plano económico, que o executivo açoriano colocou aos dispor das empresas e empresários açorianos.
Independentemente da minha opinião pessoal sobre as medidas tomadas como resposta aos efeitos nefastos da pandemia no tecido empresarial regional, não posso negar o esforço realizado pelo Estado para travar o que seria o descalabro da iniciativa privada no nosso arquipélago.
Parece-me, no entanto, perfeitamente despropositada a ânsia do Governo, isto é, do Partido Socialista, de dourar a pílula a todo o custo, procurando, com artifícios ilegítimos, obter as boas graças do eleitorado.
Quando digo “a todo o custo” uso a expressão nos seus dois sentidos: esforço realizado e quantia paga.
Não discuto a oportunidade da distribuição da publicação em causa, em cima das eleições, o que configura um ato de propaganda política descarado, porque discuti-la seria admitir que não se estaria perante uma ação de campanha eleitoral pura, chocante quanto ao dever de imparcialidade a que o Governo está eticamente obrigado (ai a ética republicana tão apregoada pelos socialistas!)
Toda a informação contida nesta “revista” teria exatamente a mesma utilidade se tivesse estampada, por exemplo, num modesto papel de jornal, cujo preço, nem de perto nem de longe, se aproxima da lustrosa impressão que chegou às mãos dos empresários açorianos.
Este esbanjamento de dinheiro (que muitos dirão que cabe na cova de um dente do orçamento regional, mas que é financiado pelos contribuintes!) e a atitude e os propósitos que lhe estão subjacentes revelam bem a falta de respeito pelos açorianos, nomeadamente pelos empresários, muitos dos quais por aí andam já com uma mão à frente e outra atrás.
Os empresários caminham para a falência, mas o Governo faz vida de rico exibindo-se com luxos desnecessários.
Isto faz-me recordar outro executivo da mesma “companhia”…
Há uns tempos, na Assembleia Municipal da Horta, questionei a Câmara sobre a necessidade de imprimir o boletim municipal “Horta Comunica” em papel “couché” (o mais caro das tipografias).
Respondeu-me o Senhor Vice-Presidente que se tinha tratado de uma falta de capacidade de resposta da empresa impressora que não dispunha de papel mais barato em “stock”.
De lá até hoje o “Horta Comunica” continua a chegar a casa dos munícipes de forma brilhante, digo, em papel brilhante.
Será que a Câmara Municipal está em campanha eleitoral permanente? |X|