Mês: Setembro 2020

Indignação

Vasco Cordeiro e José Manuel Bolieiro apresentam-se como “candidatos” a presidente do Governo, na expetativa de os seus partidos obterem o número de deputados suficiente para formar uma maioria no parlamento. Tratam os açorianos, neste período pré-eleitoral, com palavras mansas e simpáticas, por vezes nem se dando conta de quanta demagogia e hipocrisia demonstram e do atestado de ignorância que querem passar ao povo.

E pedem-nos, encarecidamente, para votarmos… neles! Acham um escândalo muito mais de metade dos eleitores dos Açores se marimbar para eleições. E mandam formar comissões para resolver o problema, pagam estudos para identificar as causas, fazem sermões sobre cidadania.

Vai senão quando, chega a altura de darem o exemplo de participação e é isto!

Que raio de consideração têm o meloso Vasco e o “amigo” José Manuel por todos nós?

Esperávamos vê-los ontem no debate, como cidadãos açorianos iguais a todos os outros que lá se encontravam, mas não apareceram!

Eu adivinho as justificações que vão dar, porque não sou tolo e conheço os corredores e os cantos onde se escondem. Mas nenhum jornalista lhes vai perguntar. Talvez algum cidadão com os frutos do tomateiro no sítio seja capaz de pedir explicações num desses “contactos” quadrienais à porta das pessoas.

Adivinho porque sei que eles estão distanciados da realidade concreta dos cidadãos, pré-ocupados, em gabinetes luxuosos com mais do que um assessor para alcançar o lenço a cada espirro do Senhor Doutor, com a aritmética dos votos e com a distribuição dos lugares à mesa do orçamento.

O mínimo, mas o mínimo mesmo, seria terem-se apresentado ontem. O “honesto” Bolieiro ainda mandou o número 2, o “nosso” presidente Cordeiro pôs lá o quinto da lista! Será que o segundo, o terceiro e o quarto são bons para angariar votos e não prestam para o debate?

Convidam as pessoas para a lista e depois são eles os primeiros a destratar os que entraram na manigância.

Sim, estou indignado! E não tenho razão?

[VER “EM CIMA DO JOELHO“]

EM CIMA DO JOELHO (*)

HUMILDADE DEMOCRÁTICA é o que falta a Vasco Cordeiro e a José Manuel Bolieiro. A ausência de ambos no debate da RTP-Açores com as candidaturas por São Miguel às eleições regionais do próximo dia 25 de outubro mostra um desrespeito tremendo pelo açorianos eleitores e pelos concorrentes e até pelo órgão de comunicação social que os convidou e do qual querem permanentemente atenção. Não há estratégia eleitoral que valha a esta atitude, demonstrativa, uma vez mais, do limbo autista em que lucubram aqueles que a todos nós devem prestar contas. Sem a presença dos cabeças-de-lista do PS e do PSD, os representantes dos outros 10 partidos deveriam ter abandonado o estúdio da televisão. É uma atitude condenável de quem pretende ser presidente do Governo Regional dos Açores. Ambos estiveram mal, mas o PS mandou para o debate o quinto da lista, o que representa um atestado de menoridade aos candidatos precedentes, que, como é “normal” nos partidos do poder, não tugem nem mugem perante as ordens do chefe!

[VER “INDIGNAÇÃO]

(*) “EM CIMA DO JOELHO” – Rubrica cujo objetivo é reagir, de forma repentina, a qualquer ocorrência digna de atenção.

O debate da Terceira

Oúnico, à exceção do presidente, membro do Governo politicamente inamovível numa eventual vitória socialista a 25 de outubro próximo é o respetivo vice-presidente. Com mais ou menos rigor, maior ou menor fantasia daqueles que fazem análise política nos Açores ninguém nega a preponderância de Sérgio Ávila no aparelho do poder na Região Autónoma dos Açores.

Quase atabalhoado a falar, sovina quanto a sorrisos, é dado como um hábil manuseador de números. Rapidamente imagina-se-lo caldeado num qualquer gabinete em papel quadriculado e máquinas de fazer contas.

Meteu-se na política muito cedo. Há 25 anos foi eleito pelos Açores à Assembleia da República e um ano depois chamaram-no para a antecâmara do Governo como diretor regional. Ficou 13 meses para sair e ganhar a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo sucedendo ao carismático Joaquim Ponte. Antes de completar o segundo mandato autárquico Carlos César foi buscá-lo para seu vice-presidente no Governo Regional, procurando realçar o papel da ilha Terceira, cargo que mantém até hoje.

Data desse tempo a fama de que queria mandar no Governo e, desde que Vasco Cordeiro chegou à presidência, há quem afiance que também tem o proveito.

Quando alguém transporta consigo características especiais é normal ser distinguido com uma alcunha, mas não me lembro de nenhuma atribuída a algum membro do Governo dos Açores, a não ser o diminutivo por que é conhecido Sérgio Ávila, cujo valor é oposto ao seu sentido seu denotativo, ou seja, quem lhe chama “Serginho”, tentando amesquinhá-lo, está, certamente, pensando na sua enorme influência no PS e fora dele, já que a estatura para aqui não é chamada.

É natural, portanto, que tenha sido no debate da Terceira que, pela primeira vez na maratona iniciada no Corvo, a coisa tenha, quase, descambado, visto que a figura em causa marcou presença como cabeça-de-lista e, obviamente, acendeu a chama aos mais inquietos.

Coube ao candidato do Chega, como seria de esperar, a investida mais truculenta, ao ponto de outros adversário de Sérgio Ávila, em apartes, terem manifestado o seu repúdio às palavras de Orlando Lima.

Quando chegou a sua vez de falar o candidato do PS respondeu à altura: os ataques pessoais só desvalorizam as ideias de quem os faz!

Orlando Lima tinha sido cáustico: Quando o Sérgio Ávila abre a boca é uma provocação. Ele é o coveiro da Terceira, mas eu chamo-lhe Judas, pois prometeu a centralidade à Terceira e aconteceu o contrário!

Este foi o ponto alto da tensão que fez com que o debate da Terceira tenha sido um pouco mais acalorado do que os outros e o ponto baixo no que toca à urbanidade.

Entretanto, fiel a si próprio, o cabeça-de-lista do PS usou as estatísticas para responder às invetivas dos opositores, num registo “low profile” que manteve invariavelmente até ao fim.

A grande ausência foi a do cabeça-de-lista do PSD, António Ventura, a braços com a recusa do tribunal em aceitar a sua candidatura e que Herberto Gomes explicou mal dizendo que a norma invocada não tem força de lei, quando o que está carecido desse carácter, segundo o juiz de Angra, é uma pronúncia do Tribunal Constitucional sobre a matéria em causa.

De qualquer maneira, não se deu pela ausência do pretenso omnipresente Ventura (deputado lá fora, candidato cá dentro), pois Rui Espínola, que o substituiu, deu conta do recado, resumindo, aliás, todo o discurso das oposições: o empobrecimento da Terceira é um facto.

Finalmente houve um debate sem faltas. Marcaram presença onze candidatos, à exceção do MPT, que ainda não apareceu e na Terceira a respetiva candidatura foi rejeitada pelo tribunal.

Outro momento marcante do programa foi uma fala de Artur Lima (CDS), que esteve muito preocupado em atacar o BE, sabe-se lá porquê, mas talvez porque a bloquista Alexandra Manes se meteu com ele várias vezes.

Manes estranhou o tom crítico de Lima sobre o Governo vincando que foi o CDS quem votou ou se absteve na votação de planos e orçamentos na Assembleia. “O CDS é o partido que mais apoia o Governo”, disse.

O líder centrista dos Açores retorquiu que se alia a quem aceitar propostas suas para bem dos açorianos, lembrando, com um ar de irónica doçura, como é seu apanágio, as melhorias obtidas na área da Saúde.

Não ficou sem resposta porque Alexandra Manes recordou que o CDS não votou uma iniciativa do Bloco que pretendia que os idosos não tivessem que adiantar dinheiro para despesas de saúde.

O desempenho do líder do Aliança, Paulo Silva, foi parecido com a ideia de dar a volta à ilha Terceira com o carro a recuar: muita parra e pouca uva.

O candidato do PAN, Dinarte Pimentel, foi ao estúdio da RTP fazer uma sessão pedagógica sobre alimentação saudável.

Marco Rolo, do Livre, insistiu na aposta no sector cooperativo, não apenas nas áreas tradicionais, mas também no campo cultural, social e educativo.

O funcionário partidário António Fonseca, em reprsentação da CDU, colocou em cima da mesa algumas bandeiras comunistas: combate à exclusão social e à pobreza, vincando a defesa de um Serviço Regional de Saúde público e gratuito.

Tomás Dentinho, de regresso ao PPM, identificou a dívida da Região como o principal entrave ao desenvolvimento, insistindo que, por cada milhão de dívida, se perde, por ano, 60 empregos nos Açores.

Orlando Lima, que falou várias vezes da descontaminação, ou falta dela, associada à Base das Lajes, revelou que na população atingida por este flagelo os homens duram menos 10 anos e as mulheres menos 15. E rematou a sua participação no debate dizendo que “à máquina” de radioterapia do Hospital de Santo Espírito “já deve faltar peças!”

José Luís Parreira, candidato da Iniciativa Liberal, foi apostado em passar a sua mensagem sem concessões, focando-se em temas como a saúde (a possibilidade dos utentes escolherem o seu médico de família), a economia (baixa de impostos), ou a agricultura, com um discurso tendencialmente tecnicista em certos passos. Saiu-lhe a pergunta da noite: Quem é que manda na agricultura açoriana, o Governo ou o Jorge Rita com os seus interesses comerciais?

COVID-19 detetada novamente no Faial

COVID-19 detetada novamente no Faial

Três cidadãos de nacionalidade búlgara, provenientes das ilhas do Grupo Ocidental com destino ao Faial [na fotografia, de Souto Gonçalves, a cidade da Horta vista do Monte da Guia], onde chegaram cerca do meio-dia de ontem, foram diagnosticados com COVID-19, após análises respeitantes ao sexto dia de permanência nos Açores.

A Delegação de Saúde da Horta já determinou o seu confinamento numa unidade hoteleira do Faial, onde se encontram sob vigilância, bem como os respetivos contactos próximos. Em curso está, também, o “aprofundamento da investigação epidemiológica” sobre a situação, de acordo com um comunicado da Autoridade de Saúde Regional (ASR), divulgado pouco antes das 14 horas de hoje.

Trata-se de três indivíduos do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 33 e os 63 anos de idade, que entraram nos Açores por Ponta Delgada, de onde seguiram para as Flores e o Corvo.

O comunicado do princípio da tarde de hoje da ASR informa ainda que, das 1.020 análises realizadas nas últimas 24 horas, foram diagnosticados mais quatro casos positivos de COVID-19, dos quais três na ilha de São Miguel e um na ilha Terceira.

Há a registar três recuperações na ilha de São Miguel, elevando para 181 o total dos Açores.

Os casos de hoje na maior ilha do arquipélago reportam-se a dois indivíduos do sexo masculino, com 30 e 35 anos de idade e a um indivíduo do sexo feminino, com 33 anos de idade, não residentes, que desembarcaram na Região provenientes de ligação aérea com o território continental. Obtiveram resultado negativo no teste de despiste realizado antes do embarque e positivo nas análises feitas após após o sexto dia.

O caso diagnosticado na ilha Terceira corresponde a um indivíduo do sexo masculino, com 28 anos de idade, não residente, que desembarcou na Região proveniente do território continental e obteve resultado positivo no teste realizado à chegada.

Até ao momento foram detetados na Região 302 casos de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 verificando-se atualmente 73 casos positivos ativos, dos quais 49 na ilha de São Miguel, 11 na ilha Terceira, cinco na ilha do Pico, quatro na ilha Graciosa, três na ilha do Faial e um na ilha de Santa Maria.

QUATRO MESES E 10 DIAS

O Faial volta a fazer parte do mapa de casos positivos de COVID-19 no arquipélago quatro meses e 10 dias após as últimas recuperações ocorridas nesta ilha e seis meses e 10 dias depois do primeiro caso diagnosticado localmente [VER “MARCHA DOS ACONTECIMENTOS NO FAIAL“].|X|

VERDADE E MENTIRA

“O mundo tornou-se virtual na plenitude. Uma larga percentagem de pessoas, milhões de mulheres e homens, vivem num mundo de ficção em que a verdade ou a mentira (a moral ou a imoralidade) e tantos outros conceitos deixaram de fazer sentido. Talvez estejamos perante uma regressão do ser humano.” (Luís Osório)