Há um ano fui, ao princípio de uma noite de verão puro, ao arraial do Império do Farrobim. Comi lá umas favas de taberna com uma satisfação como nunca antes tive! Não é fácil descrevê-las. De qualquer maneira, tentei fazê-lo na altura, numa publicação no Facebook: «Bem quentes, pequenas, tenras e com a dose de picante» na medida certa.
Hoje lembrei-me dessas favas… porque nem sempre os petiscos que vamos encontrando pelas nossas festas populares primam pela qualidade. Não há que ter medo de dizê-lo, se não for com a intenção de denegrir as pessoas que se disponibilizam para confecioná-los. É tão simples como isto: há quem sabe fazer e há quem não tem esse dom.
Lembrei-me das favas porque tive uma experiência, ao almoço deste dia de São Pedro, equivalente à que me foi proporcionada no Farrobim.
Foi no improvisado restaurante, já com nome na praça, «Acordes de Sabor», que marca presença anual nas festas de São Pedro do porto de Castelo Branco, representando da Sociedade Filarmónica Euterpe.
Ia para comer frango de churrasco (que estava ótimo!), mas, à entrada, pedi torresmos de pele. Às vezes, por aí, encontramo-los “borrachentos”; ou duros “c’ma” ferro; salgadíssimos quantas vezes!
Apanhei-os bem tostadinhos, ao meu gosto; temperados por uma mão divina; aceitando o dente sem resistir!
A festa está bonita, todavia, só por isto, para mim, já ultrapassou as expectativas.
Entretanto, memória puxa memória, recuei mais de meio século.
Lembro-me de ir ao colo de meu pai até à tasca da festa “na costa”, conforme dizem os albicastrenses quando aludem à zona balnear (porto) da freguesia.
Na improvisada prateleira, espreitava-me uma caixa de chocolates Regina com creme (embrulhados em papel prateado e azul), bem alinhados, desafiando-me as papilas gustativas…
Também me lembro de o Senhor Pacheco (que trabalhou no talho de meu avô Casimiro) estar a fritar carne para bifanas, mesmo junto à parede do lado sul da ermida de São Pedro, no dia da festa.
O prédio que confinava com a ermida era de meu avô, onde cheguei a passar o verão na casa que lá existia. Aproveitei, então, essa localização privilegiada para debruçar-me por entre as canas de foliões e estender a mão ao Senhor Pacheco de cima do cômoro: ele, à socapa, passou-me uma deliciosa bifana!
Recordo-me perfeitamente que, quando me levantei, tinha a blusa impregnada de formigas, que, talvez como eu, foram atraídas pelo cheiro da fritura! ✓
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