Eu… a mãe

Vamos lá a falar como adultos!

Falo em nome pessoal, falo enquanto Mãe, dirijo-me a quem me conhece não apenas das redes sociais, mas de toda uma vida em sociedade, quem me conhece enquanto ser humano, de carne e osso, com passado, com erros, com grandes quedas mas também com grandes vitórias, uma pessoa que sempre soube levantar-se, lamber as feridas e seguir por trilhos e canadas que muitas vezes desembocaram em encruzilhadas de difícil acesso no momento da decisão.

Uma pessoa que não desiste perante as agruras da vida nem às provas que esta apresenta.

Até hoje nem sempre decidi da forma mais correta para os demais, mas sempre de acordo com a minha intuição, os meus valores.

Em todas fiquei em paz comigo, e nenhuma me fez perder o sono nem a coragem de olhar de frente.

A quem me conhece pergunto:

Quantas vezes me viram a discutir em praça pública?

Quantas vezes perturbei ou dificultei gratuitamente no momento de decisão?

No entanto, desta vez tenho de vir à praça pública, tenho o direito de falar enquanto Mãe!

Sim, porque enquanto mulher passo eu muito bem, mas enquanto MÃE, aí meus amigos, pais e mães… aí não me silenciam! Porque quando atingem os Nossos filhos a dor é diferente é dor que dilacera a alma ao mesmo tempo que nos dá força para enfrentar um mundo!

Sabem, aprendi muito com o Pe. Idalmiro, aprendi a ser gente, a saber diferenciar o bem do mal, o correto do errado quando ele em jeito de brincadeira perguntava: “de vez em quando lá vai um rebuçado ou chocolate da taberna dos teus pais? Hein? Diz lá… “Ãh? Ãh?” Ou quando mostrando-se surpreso: “Alguém sabe que doença atacou as galinhas da Sra. X pois acordaram com as unhas todas pintadas de vermelho” .

E assim ia sem nos apercebermos confessando, conversando e ensinando a diferenciar a verdade da mentira. Obrigada a ele e a todos com quem me cruzei enquanto professores e amigos… vendo bem as coisas foram muito mais do que sacerdotes do amor do perdão da verdade da humildade.

Foram seres muito à frente para a época em que vivíamos.

O que aqui se tem escrito e falado acerca das crismas de 01 de junho em Santo António pouco ou nada tem a ver com ser-se cristão.

Não confundamos os termos ser-se cristão e ser-se católico.

O Ser cristão é crer em Jesus Cristo.

O Ser cristão não é apenas afirmar que possui fé em Jesus Cristo, mas entender e crer no que Ele pregou e praticar diariamente boas ações de bondade e amor.

O Ser cristão pode “pensar” e ter a sua própria visão da cristandade, ou até mesmo discordar de certos aspectos pregados pela igreja.

O católico considera Cristo como o Messias e Salvador, mas conta com doutrinas e dogmas, credos e bulas papais que devem ser seguidos pelos fiéis, conforme os princípios da Igreja Católica Apostólica Romana.

Logo, um católico é cristão, mas nem todo o cristão é católico.

E é este o nosso ponto de encontro!

E é aqui que todo o debate tem acontecido entre Cristãos, Católicos e Católicos cristãos.

Aqui falamos de seres humanos que erram, independentemente das suas crenças e status.

E ao errar, nada mais humano, verdadeiro e honesto do que assumir essa falha com humildade para que possa seguir a caminhada sem pedras no sapato nem sombras na alma.

Tudo poderia ter sido tratado da melhor forma se para além de alimentarem o seu próprio ego tivessem pensado no superior interesse dos jovens que ali se encontravam!

Pensaram em si, em fazer-se valer mostrar quem manda!

E a bem da verdade digo-vos com toda a sinceridade que concordo com as regras, SE essas REGRAS não fossem sujeitas a dualidades de critérios, senão como explicar que num dia posso ser madrinha de crisma e no outro não me seja permitido ser de batismo? Ou poder sê-lo, mas celebrar o sacramento noutra paróquia? Como explicar que numa paróquia alguns não casados pela igreja possam acompanhar e colocar a mão no ombro enquanto a outro foi pedido quase por favor para nem ousarem sair do banco?!

E meus amigos, estamos a falar da realidade de Ilha, onde todos se conhecem (por vezes bem de mais e noutras pensam conhecer).

Estamos a retratar uma realidade na qual todos os catequizados e suas famílias se conhecem desde o início desta caminhada, desde sempre!

Estamos a falar de estar tudo bem até à última reunião e após o término desta dar-se um telefonema longe das luzes da ribalta onde foi dito que a pessoa em questão poderia ser madrinha da Minha Filha, apenas não poderia colocar a mão no ombro no momento da consagração.

E era isso que tentou fazer… mas parece ter havido um mal entendido “Dessa Família”.

“Essa” família  ao invés de “a” família, foi a forma impessoal, distante e repelente a que se dirigiram à minha família, à nossa família enquanto igreja!

Mal entendido?! Provavelmente estávamos a falar em línguas diferentes… porque em bom português:

– Podia ser madrinha, mesmo não sendo casada pela igreja.

– Não podia colocar a mão no ombro.

E foi isso que tentaram fazer.

Independentemente de tudo e todas as razões apresentadas o cerne da questão é a atitude, o comportamento e a forma como humilharam a minha filha em frente a todos no templo do Senhor por quem prega o amor apela à paz, serenidade, humildade e de onde deveria vir o exemplo.

O Pe. Paulo Silva disse e muito bem, muito acertado “os crismandos falham porque a igreja também falhou com eles”… o que vi no passado dia 01 foi a igreja a falhar com a Minha Filha!

Assim, reitero tudo o que disse em momento anterior, não fico onde não sou bem-vinda, não convivo com quem humilha a Minha Filha e agradeço mais uma vez aos católicos que mui sabiamente me mostraram a porta de saída.

Peço ao Pai que os perdoe pois não sabem o que fazem.

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” João 8:32.

Lubélia Silveira



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